TEATRO POEIRA
08 JULHO a 27 AGOSTO
TER a QUA 20h
Os textos reunidos em “Ossada” são uma forma de resistência de uma mulher independente e formada para invadir, tomar posse do seu espaço, capaz de formar com qualidade um público em geral que precisa de reflexões contemporâneas mais profundas. Comprometida com a arte e elogiada por todos da classe como a mais corajosa, Ester é a guerreira que se manifesta em tempos de guerra como ninguém. Ela chegou à maturidade de quem tem um domínio em sua profissão e conhece os caminhos difíceis da territorialidade imposta pelo patriarcado estrutural.
A peça reúne cinco textos do livro “I Must Collect Myself”, da dramaturga, cineasta e roteirista inglesa Maureen Lipman, todos adaptados por Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury, além de inspirações trazidas das obras de Wislawa Szymborska e Laurie Anderson, e tem dramaturgismo assinado por Ester. Os textos trazem situações cotidianas de cinco mulheres: um pai em coma, o casamento de um filho, uma entrevista para a TV, os abusos familiares e um cigarro que nunca acende. Nos cinco monólogos baseados em adaptações livres, temos como ponto comum a figura da mulher “esgarçada” em sua existência. Personagens que desafinam diante das regras sociais e acabam “vazando”, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em nós: a mulher como sujeito, a mulher como objeto, a mulher.
“Os textos colocam em questão a nossa capacidade de (con)viver em sociedade, na medida em que os tempos atuais fizeram cair as máscaras e criaram novas matizes para o ainda primitivo senso de sobrevivência”, explica Ester.
“Ossada” funde essas narrativas num contexto que coloca em debate a trajetória do mundo
enquanto humanidade, ou melhor, a capacidade do indivíduo em compreender a humanidade por um viés de fato humanístico. Tudo é potencializado no sufocamento causado por frustrações dessas mulheres dentro de um cenário minimalista e selvagem. Numa instalação que remete a uma sala de museu de história natural, desdobramento do significado da palavra ‘ossada’.
“A missão é provocar o público, revelando que ainda é possível fazer as pontes emocionais e afetivas no mundo globalizado”, destaca Laccava. “Um grande sopro de um gigante que tomba esses temperamentos, colocando essas mulheres diante da fragilidade versus a força, na mesma intensidade, como se duas notas dissonantes encontrassem no universo fantástico um lugar possível de se harmonizarem”, finaliza a atriz e diretora.
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Criação, direção: Ester Laccava
Dramaturgia: Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury, a partir dos textos de Maureen Lipman
Poemas: Wislawa Szymborska e Laurie Anderson
Atuação: Ester Laccava
Assistência de direção: Elzemann Neves e João Wady Cury
Desenho de luz: Mirella Brandi
Trilha sonora: Muepetmo
Fotos: João Caldas
Identidade visual: Giulia Lacava e Pedro Lacava
Assistente geral: Giulia Lacava
Direção de produção: Emerson Mostacco
Realização: Laccava Produções Artísticas e Mostacco Produções
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DURAÇÃO: 60 minutos
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos
CAPACIDADE: 150 espectadores