TEATRO POEIRINHA

01 SET a 02 OUT
QUI a SÁB 21h / DOM 19h

Com texto inédito de Miriam Halfim e direção de Ary Coslov, o escritor judeu polonês Yehiel  De-Nur (1909–2001) e a filósofa judia alemã Hannah Arendt (1906–1975) têm um encontro imaginário, sem data nem lugar específicos. O ator Mario Borges interpreta Yehiel e a atriz Susanna Kruger, Hannah Arendt.

 Yehiel é um sobrevivente de campo de concentração que, depois da Segunda Guerra Mundial, se estabeleceu em Israel, onde  tornou-se escritor celebrado localmente. Arendt é um expoente internacional da filosofia política, que escapou do nazismo e se abrigou nos EUA, de onde fez a carreira de filósofa e escritora para o mundo.

 O objeto do debate entre os dois é o julgamento de Adolf Eichmann, em 1961, em Jerusalém, que foi uma referência na história da ascensão e derrota do nazismo de Adolf Hitler entre 1933 e 1945. Eichmann foi executor das mais tenebrosas ordens de Hitler nos campos de concentração.

 O julgamento de Eichmann provocou uma catarse que uniu todo o povo judeu. Sobreviventes do Holocausto puderam expor o horror que haviam passado durante a guerra em depoimentos ao vivo. Yehiel era uma das vítimas das atrocidades.

 Hannah Arendt acompanhou o julgamento no tribunal israelense como jornalista e observadora. Ela escrevia artigos para a revista “New Yorker” e mais tarde os reuniu no livro polêmico “Eichmann em Jerusalém”, lançado em 1963. Foi nesta publicação que a autora definiu pela primeira vez seu conceito de “banalidade do mal”, provocando intensas discussões e controvérsias até os dias de hoje.

 Neste livro, Arendt se mostrou decepcionada com o julgamento, que considerou excessivamente dramático e até mesmo teatral. Um dos momentos criticados foi o testemunho de Yehiel De-Nur, que desmaiou no decorrer de seu depoimento emocionado.

 É a Yehiel que se refere o título “O Homem do Planeta Auschwitz”. Sobrevivente do campo de extermínio – ele foi prisioneiro em Auschwitz por dois anos –, se estabeleceu em Israel depois da guerra e se tornou escritor. Seus livros narram o que viu e viveu no campo de concentração. Yehiel alimentava uma nítida divergência com o que Arendt escreveu sobre o julgamento de Eichmann.

 Após a análise das obras do escritor e das críticas feitas à visão de Hannah Arendt a respeito do julgamento de 1961, Miriam Halfim imaginou um encontro dos dois, criando um embate possível entre eles. A troca de ideias, observações e conclusões tem momentos de alta contundência, trazendo à tona todo o horror que foi o nazismo.

 Muitos tópicos discutidos na peça são verdadeiramente atuais, 80 anos depois das práticas nazistas trágicas. Há especulações consistentes sobre a permanência dessas ideias tão condenáveis quanto as do nazismo.

 O diretor Ary Coslov defende que esses episódios precisam ser relembrados, até porque eles não deixaram de existir no mundo contemporâneo. “É importante que tudo o que aconteceu com os judeus vítimas do nazismo não seja esquecido. É importante que a humanidade, hoje, se posicione com firmeza para que aquilo não volte a acontecer. Infelizmente constatamos que existem sinais assustadores de que o preconceito e a intolerância - e não só em relação aos judeus - ainda fazem parte do comportamento humano. A peça serve como um alerta: não podemos permitir que aquele momento trágico de nossa história se repita”, diz Coslov. 

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Texto MIRIAM HALFIM
Direção ARY COSLOV

Elenco MARIO BORGES e SUSANNA KRUGER

Cenário MARCOS FLAKSMAN
Desenho de luz AURÉLIO DE SIMONE
Figurino WANDERLEY GOMES

Assistente de direção LUCIANO PONTES
Direção de movimento MARCELO AQUINO
Assessoria de imprensa JULYANA CALDAS – JC ASSESSORIA DE IMPRENSA

Design Gráfico ISIO GHELMAN
Fotógrafo GUGA MELGAR
Rede Social RAFAEL GRANDRA

Op. de som GABRIEL LESSA
Op. de luz BRUNO ARAGÃO
Assistente de Produção OSNI SILVA
Produtora Executiva BÁRBARA MONTES CLAROS
Diretor de Produção CELSO LEMOS

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DURAÇÃO: 70 minutos
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 anos